O biogás deixou de ser uma promessa distante para se tornar uma das fontes mais estratégicas da transição energética brasileira.
Com uma matriz majoritariamente renovável e um dos maiores potenciais de aproveitamento de resíduos do mundo, o Brasil vive um momento decisivo para transformar subprodutos do agro e da indústria em energia limpa, previsível e rentável.
Um mercado em expansão
De acordo com a ABiogás, o país já ultrapassa 2,5 bilhões de Nm³/ano de biogás produzido, mas utiliza menos de 10% do potencial disponível, especialmente no setor agroindustrial.
Estados como Paraná, São Paulo e Minas Gerais lideram a geração, estimulados por políticas estaduais e linhas de crédito específicas para projetos de energia descentralizada.
No campo regulatório, a Resolução ANEEL nº 954/2021 consolidou o enquadramento do biogás como fonte elegível para geração distribuída, enquanto o Renovabio abriu caminho para a emissão de CBIOs (créditos de descarbonização), uma oportunidade financeira que começa a atrair cooperativas e produtores.
Incentivos e políticas públicas
Nos últimos anos, o biogás passou a integrar programas de desenvolvimento sustentável e transição energética, com destaque para:
- Programa Nacional de Biometano (MME, 2023): prioriza a inserção do biometano na frota de transporte pesado e indústrias consumidoras de gás natural;
- Linha FNE Verde (Banco do Nordeste): financiamento com taxas reduzidas para projetos de energia renovável;
- Créditos de descarbonização e mercado voluntário de carbono: novas formas de monetizar eficiência energética.
Esses mecanismos têm fomentado o surgimento de pequenas plantas descentralizadas, conectando agricultura familiar, cooperativas e agroindústrias a um modelo de economia circular que transforma passivos ambientais em fonte de receita.
O papel das pequenas plantas
A expansão do biogás no Brasil não depende apenas de grandes usinas.
Projetos de menor escala, instalados em propriedades rurais ou polos agroindustriais, têm mostrado excelente custo-benefício: o resíduo orgânico é tratado localmente, o gás substitui o GLP ou diesel em equipamentos e a energia excedente pode ser vendida.
Além disso, essas plantas permitem pesquisa aplicada e inovação contínua, área na qual empresas como a M Lima Engenharia têm papel fundamental, desenvolvendo reatores de bancada, sistemas de controle e testes laboratoriais sob medida para validação de novas rotas tecnológicas.
Perspectivas para 2026
Nos próximos dois anos, o mercado de biogás brasileiro tende a acelerar em três frentes principais:
- Industrialização do biometano: integração a gasodutos e uso em frotas de transporte pesado;
- Automação e digitalização: monitoramento remoto e controle de eficiência operacional;
- Inovação aplicada: pesquisas que conectam agroenergia, resíduos e eficiência em pequena escala.
O desafio será equilibrar inovação com viabilidade, garantindo que cada projeto, do campo ao laboratório, gere retorno técnico, econômico e ambiental.
